Investimento Social Privado aumenta e tem crescimento sustentado - Escola Aberta do 3º Setor

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O Investimento Social Privado (ISP) voltou a crescer no país e atingiu R$ 5,8 bilhões em 2024, de acordo com o novo Censo GIFE, cujos dados foram lançados na tarde desta segunda-feira (8). É o segundo maior volume da série de 13 anos, atrás apenas de 2020, quando a pandemia da Covid-19 provocou uma mobilização extraordinária de recursos.

Produzido pelo Grupo de Institutos, Fundações e Empresas (GIFE), o levantamento registra aumento sustentado do ISP nos últimos seis anos e reforça tendências de diversificação temática mesmo em um ambiente econômico marcado por incertezas. “O setor tem amadurecido de forma evidente. Os dados mostram que o campo avançou e tem capacidade de dar respostas não só a crises como também para a redução de desigualdades estruturais no país”, destacou o secretário-geral do GIFE, Cassio França.

O lançamento do Censo – no Itaú Cultural, em São Paulo (SP) – contou com a presença de especialistas do setor, investidores sociais e representantes da sociedade civil. Na abertura, o presidente da Fundação Itaú, Eduardo Saron, ressaltou a importância das coalisões no universo do Investimento Social Privado para para ele “geram mais impacto e nos ajudam a ser mais eficientes”.

Dois paineis de discussão dos dados do Censo e de perspectivas para o ISP brasileiro reuniram nomes do campo. Na primeira roda de conversa – “O retrato atual e os desafios da prática” – participaram a diretora-executiva do Movimento Bem Maior e presidente do Conselho de Governança do GIFE, Carola Matarazzo; a diretora-presidente da Fundação Telefônica Vivo, Lia Glaz; e a vice-presidência executiva de Sustentabilidade, Comunicação e Marca da Suzano, Maria Luiza Pinto.

O segundo painel – “Horizontes da filantropia: futuro e caminhos de aprimoramento” – reuniu a cofundadora do Centro de Estudos das Relações de Trabalho e Desigualdades (CEERT) e conselheira do GIFE, Cida Bento; o consultor sênior em filantropia e pesquisador acadêmico de movimentos sociais, Cássio Aoqui; e o secretário-geral do GIFE, Cassio França.

O ESTUDO – O Censo GIFE fornece um retrato abrangente do setor a partir do mapeamento de recursos financeiros, estratégias, práticas institucionais, potencialidades e tendências do Investimento Social Privado. A publicação bianual é considerada uma das principais referências sobre filantropia no país.

Nesta 12ª edição do estudo, além de Educação – que segue como principal foco de atuação de 67% das organizações respondentes à pesquisa – destacam-se agendas como Desenvolvimento Local e Inclusão Produtiva bem como Empreendedorismo e Geração de Renda, que mobilizaram 49% das instituições associadas, impulsionando caminhos de mobilidade econômica.

Ao mesmo tempo, Combate ao Racismo e às Desigualdades Raciais, tema apontado por 31% das organizações, e apoio às pautas LGBTQIAPN+, presente em 25% delas, revelam o avanço de uma filantropia cada vez mais comprometida com a defesa de direitos e a redução de barreiras históricas.

Conforme observou o gerente de Programas e Práticas da Filantropia do GIFE, Gustavo Bernardino, a pesquisa aponta que as chamadas “empresas mantenedoras” seguem como principais financiadoras do Investimento Social Privado, concentrando 45% dos recursos mobilizados.

O ISP Independente, formado por institutos e fundações não vinculados a empresas, também apresentou avanço expressivo. “O volume investido subiu de R$ 354 milhões, em 2014, para R$ 1,1 bilhão em 2024, acompanhado de maior presença desse grupo na base do GIFE”, explicou a coordenadora de Conhecimento do GIFE, Patricia Kunrath.

O Censo 2024-2025 destaca, ainda, o uso relativamente baixo de incentivos fiscais: apenas 15% do total investido utiliza esse mecanismo. “É um indicativo de que grande parte dos recursos é aportada como filantropia direta, com pouca dependência de renúncia fiscal”, analisa Cassio França.

FORTALECIMENTO DE ORGANIZAÇÕES DA SOCIEDADE CIVIL – Uma das mudanças mais relevantes apontadas pelo novo Censo GIFE é o aumento do repasse de recursos para Organizações da Sociedade Civil. A proporção de OSCs que destinam parte de seus orçamentos a iniciativas de terceiros passou de 64%, em 2022, para 72% nesta edição. O volume repassado cresceu de R$ 350 milhões, em 2016, para R$ 1,3 bilhão em 2024.

Esse movimento se conecta às diretrizes estratégicas de atuação do GIFE, que prioriza o fortalecimento institucional das OSCs, a defesa da democracia e a ampliação da prática de grantmaking. “Recurso filantrópico pode e deve assumir riscos para trazer soluções novas a problemas complexos”, destacou Carola Matarazzo, ao enfatizar as desigualdades persistentes do Brasil, em que 1% da população concentra 63% da renda nacional, por exemplo.

“Os dados do Censo 2024-2025 confirmam o ganho de maturidade do setor e sua disposição de apoiar iniciativas lideradas nos territórios”, emenda Cassio França, ao observar que investimento social privado é uma decisão voluntária e que o Brasil não tem políticas de incentivo à prática.

CLIMA – A nova edição do Censo GIFE mensurou pela primeira vez os investimentos em agenda climática. Em 2024, R$ 368 milhões – equivalentes a 6% do total mobilizado – foram destinados ao tema: proporção que supera o patamar global, de 3%, segundo o relatório Funding Trends 2025.

Eventos climáticos extremos – como a enchente histórica no Rio Grande do Sul, a seca no Amazonas e incêndios no Pantanal – ampliaram o volume de Apoio Emergencial, que saltou de R$ 112 milhões, em 2022, para R$ 786 milhões. As organizações atuaram principalmente em Educação Ambiental e Mobilização Comunitária (44%), Adaptação e Resiliência (32%) e Justiça Climática e Reparação (32%).

Diferentemente do financiamento internacional, mais concentrado na Amazônia, o ISP brasileiro distribuiu ações pelos múltiplos biomas. Ainda assim, a Região Amazônica permanece prioritária, com 78% das organizações atuantes. A presença em territórios historicamente negligenciados cresceu: iniciativas em terras indígenas passaram de 7% para 14% e em quilombos, de 10% para 14%.

DIVERSIDADE – Temas relacionados à diversidade, equidade e inclusão (DEI) ganharam mais espaço, embora o setor ainda opere aquém das necessidades estruturais do país. Em 2024, 31% dos associados investiram em Equidade Racial (R$ 116 milhões), 25% em Igualdade de Gênero e Direitos LGBTQIAPN+ (R$ 89 milhões) e 16% em Inclusão de Pessoas com Deficiência (R$ 26 milhões).

Ao mesmo tempo, a governança interna das instituições permanece pouco diversa: 66% dos assentos nos conselhos são ocupados por homens e 89% por pessoas brancas. Apenas 26% das organizações contam com pessoas não brancas em espaços decisórios.

DESIGUALDADES ESTRUTURAIS – Lançado em um contexto de forte desigualdade social, o Censo 2024-2025 registrou o maior número de respondentes entre as cerca de 170 instituições associadas ao GIFE. Para a organização, os dados indicam espaço para a expansão do Investimento Social Privado brasileiro, ampliação do perfil doador e consolidação de práticas mais estratégicas.

“A filantropia se consolida como parceira do Estado e da sociedade civil ao aportar recursos flexíveis e ampliar canais de participação”, avalia Cassio França. “O setor filantrópico brasileiro tem capacidade e grande potencial de contribuir para mudanças estruturais e para um país mais justo, sustentável e democrático. O propósito é acelerarmos este potencial, orientando práticas, influenciando agendas e fortalecendo a atuação coletiva”, completa o secretário-geral do GIFE.

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